Projetos


 
1. Banco Informatizado de Textos (BIT): a constitui��o de um corpus de manuscritos e impressos pernambucanos do s�culo XVIII, XIX e XX
Dr. Cleber Ataíde (UFRPE)

Os manuscritos e impressos e os textos orais expressam a rela��o dos indiv�duos com a sua hist�ria, a sua l�ngua, a sua identidade e seu espa�o ao longo do tempo. As mudan�as nas rela��es sociais, as transforma��es tecnol�gicas alteram tamb�m as intera��es pela linguagem: surgem novos g�neros, novos suportes, formatos, bem como novas fun��es sociais exercidas por esses g�neros em virtude das novas demandas da sociedade. Apesar dessa evidente constata��o, ainda � escasso o conhecimento sobre caracter�sticas textual-discursivas de grande parte dos g�neros discursivos (orais e escritos) que circulam na sociedade; sobre o uso da l�ngua na composi��o desses g�neros em diferentes per�odos; e sobre os fatores ling��sticos e extraling��sticos que registram cultura, a hist�ria da l�ngua e das tradi��es discursivas. Nesse sentido, os g�neros orais e escritos de sincronias passadas s�o fontes imprescind�veis, pois se constituem como �ndices sociais, materializam ideologias, guardam e ajudam a fazer a hist�ria das sociedades e dos indiv�duos. Diante dessa problem�tica, pretende-se, nesta pesquisa, colaborar com a preserva��o do patrim�nio lingu�stico-cultural, bem como abordar algumas ideias que visem a uma aproxima��o processual e din�mica, e n�o dicot�mica, entre os estudos diacr�nicos e sincr�nicos voltados para a hist�ria do portugu�s brasileiro. O prop�sito dessa investiga��o � suscitar reflex�es sobre a necessidade de preserva��o/divulga��o desse patrim�nio e de uma correla��o mais aproximada entre a concep��o s�cio-hist�rica da l�ngua portuguesa no sert�o pernambucano e constituir um corpus de dados (g�neros discursivos orais e escritos) do s�culo XVIII ao s�culo XX, considerando os aspectos estruturais e lingu�stico-discursivos do portugu�s da regi�o sertaneja de Pernambuco, a fim de estabelecer estudos no comparativos com outras regi�es do Brasil no �mbito fonol�gico, sint�tico e sem�ntico e discursivo. Para embasar esta discuss�o e a organiza��o do corpus, ser�o tomados como aportes te�ricos a Ling��stica S�cio-Hist�rica, com �nfase na hist�ria do portugu�s brasileiro (MATTOS E SILVA, 2004; GALV�O, 2005; PESSOA, 2003 e outros), a Teoria das Tradi��es Discursivas (OESTERREICHER, 2002; KABATEK, 2003; JUNGBLUTH, 1998), a Teoria dos G�neros (BAKHTIN, 1992a-b; BAZERMAN, 2005; MAINGUENEAU, 2001; MARCUSCHI, 2005).

2. Itens conjuntivos na escrita pernambucana dos séculos XVIII e XIX: um estudo funcionalista
Dr. Cleber Ataíde (UFRPE)

As diferentes possibilidades de emprego das conjun��es subordinadas e coordenadas t�m sido um dos aspectos gramaticais bastante discutidos por diversos professores-pesquisadores. Christiano (2004) investigou em cartas oficiais da administra��o da Capit�nia da Para�ba do s�culo XVII e XVIII o uso de v�rias conjun��es a fim de identificar a trajet�ria s�cio-hist�rica das conjun��es e saber que valores sem�nticos elas assumiram, e se esses valores podem estar correlacionados a restri��es estruturais. Silva (2001) analisou as diferen�as nos processos sint�tico- estruturais de conex�o de frases, mostrando como os conectivos de coordena��o e de subordina��o se comportavam sint�tico e semanticamente no s�culo XV, na vers�o mais antiga em portugu�s dos Di�logos de S�o Greg�rio. Como proposto igualmente por Christiano 2002) no projeto em "Elementos conjuntivos na produ��o escrita: um estudo diacr�nico", nossa investiga��o parte tamb�m da hip�tese de que as conjun��es coordenadas e subordinadas, al�m da fun��o sint�tica primitiva, podem ter-se revestido, na trajet�ria s�cio-hist�rica, de novos valores sem�nticos em diferentes contextos ling��sticos. Caso nossa hip�tese se confirme, resta-nos verificar se esses mesmos valores permanecem nos textos atuais.Para tanto, utilizaremos como referencial te�rico um dos princ�pios b�sicos do funcionalismo, a teoria da gramaticaliza��o. Diacronicamente, ser�o analisados diferentes g�neros textuais dos s�culos XVIII, XIX e XX, tais como manuscritos oficiais e particulares, cartas do leitor e editoriais entre outros, coletados pela equipe regional em Pernambuco, no Projeto Para Hist�ria do Portugu�s Brasileiro (PHPB). De posse dos resultados, pretendemos compar�-los com os j� obtidos na Para�ba (Christiano: 2005, 2006 e 2008) e na Bahia (Silva, 2001).

3. Tu e voc� nas cartas de amor pernambucanas: um estudo das formas tratamentais do portugu�s brasileiro no s�culo XX
Dr� Val�ria Severina Gomes (UFRPE)

V�rias pesquisas referentes ao uso dos pronomes de tratamento no cen�rio brasileiro v�m contribuindo para o entendimento do funcionamento desse sistema e seus subsistemas em diferentes regi�es do pa�s. O quadro pronominal pode ser descrito em s�ntese com as seguintes altera��es: a passagem de Vossa Merc� a voc�; a varia��o voc� e tu a partir do s�culo XIX; a forma te como acusativo e dativo, resistindo � entrada de voc�; as formas variantes de uso no paradigma de segunda pessoa (nominativo, acusativo, dativo, obl�quo e genitivo). Esses, entre outros resultados, a exemplo das pesquisas de Lopes e Cavalcante (2011), mostram o quadro atual de tratamento no Brasil que vem sendo ampliado com descri��es mais detalhadas sobre diferentes estados brasileiros. Uma equipe de pesquisadores vinculados ao Projeto Para a Hist�ria do Portugu�s Brasileiro (PHPB), coordenada pela Professora C�lia Regina dos Santos Lopes, tem se voltado para os estudos da mudan�a gramatical dos pronomes sob o ponto de vista funcionalista, considerando tr�s subsistemas tratamentais: somente tu, somente voc�, varia��o entre voc� ~ tu. A presente pesquisa, vinculada ao projeto institucional maior �Formas tratamentais em cartas pessoais pernambucanas dos s�culos XIX e XX: uma interface entre tradi��o discursiva e sociolingu�stica hist�rica�, Decis�o n� 78/2014-CTA/DLCH/UFRPE, consiste no estudo sobre o tema que vem sendo desenvolvido pelas equipes mencionadas acima e pela proponente durante o est�gio de p�s-doutoramento, em 2014, no Rio de Janeiro, com o intuito de contribuir com dados referentes ao estado de Pernambuco acerca do emprego dos pronomes de tratamento no portugu�s brasileiro.

4. O estatuto da subordina��o no Portugu�s popular: um estudo da cl�usula complexa na fala de Tejucupapo
Dr. Emanuel Cordeiro da Silva (UFRPE)

Ao presente trabalho de pesquisa interessa investigar a sintaxe por subordina��o no portugu�s popular falado. Haja vista os diferentes n�veis sint�ticos de ocorr�ncia do fen�meno, a investiga��o restringir� o seu foco � cl�usula complexa. Os mecanismos subordinativos ser�o observados atrav�s das estrat�gias de combina��o de cl�usulas. S�o elas as respons�veis pelo encadeamento das senten�as e, consequentemente, pela codifica��o das rela��es interproposicionais. A gram�tica da cl�usula complexa serve ao dom�nio funcional de nexo. No entanto, na l�ngua, os mecanismos de coordena��o e subordina��o n�o s�o entre si proporcionalmente disponibilizados em fun��o da codifica��o das rela��es interproposicionais. Essa assimetria possibilita n�o somente a percep��o de diferentes est�gios de gramaticaliza��o do sistema lingu�stico, como tamb�m de diferentes n�veis de sua aquisi��o. As constru��es complexas por subordina��o encontram-se na base da maior estabilidade estrutural, isto �, constituem-se como padr�o sint�tico mais gramaticalizado, por�m n�o s�o todos os grupos de falantes de uma l�ngua na fase gramatical que as t�m como modo de comunica��o. Muitos ainda fazem uso de um modo mais sem�ntico-pragm�tico de organiza��o do c�digo lingu�stico. Apesar de, sob uma vis�o mais geral, o portugu�s brasileiro ser considerado uma l�ngua cuja gram�tica disp�e de mecanismos sofisticados de subordina��o, s�o muitos os ind�cios de que sua variedade popular � governada por uma forma mais parat�tica de ordenamento estrutural. Na fala de determinados grupos socioeconomicamente menos favorecidos e de comunica��o apenas oral ou com dom�nio prec�rio da escrita, parece predominar o modo pragm�tico, e n�o o sint�tico, de uso da l�ngua. Como recorte do portugu�s popular brasileiro, foi tomada como corpus a variedade falada em Tejucupapo, no Estado de Pernambuco. Com uma popula��o de aproximadamente 6.000 habitantes, Tejucupapo fica localizado � dist�ncia de 60km de Recife. O distrito pertence ao munic�pio de Goiana, que foi uma das primeiras �reas a ser ocupada pelos colonizadores portugueses. A regi�o foi habitada por tribos Tupi conhecidas como Caet�s e Potiguares. Em Tejucupapo, a variedade de l�ngua falada � um exemplo vivo de como variedades rurais t�m evolu�do ao longo dos �ltimos s�culos de modo diferente das variedades urbanas.

 
 
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